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Videomodelação com bons resultados

Ferramenta amplia habilidades de crianças diagnosticadas com TEA

  • Publicado: Quinta, 17 de Março de 2022, 09h42
Crianças com Transtorno de Espectro Autista (TEA) têm preferência por estímulos visuais. Essa é uma das razões para os bons resultados do estudo.
#ParaTodosVerem: Seleção de uma ilustração e uma foto presentes no vídeo usado para treino de videomonitoramento. Da esquerda para a direita: a ilustração, em fundo branco, mostra uma menina de cabelos pretos acenando para nós. Ela está de camisa laranja e calça azul. Ao seu lado, há o texto ‘’videomodelação de habilidade de vida diária em crianças com TEA: efeito do videomonitoramento’’. A fotografia mostra duas mulheres de cabelos pretos realizando o treino de monitoramento na frente de uma pia. Elas estão de perfil, viradas para a direita, e vestem camisas cinza. No lado direito, há a ilustração de um menino de cabelos pretos, camisa amarela e calça verde. Ele está comemorando.
#ParaTodosVerem: Seleção de uma ilustração e uma foto presentes no vídeo usado para treino de videomonitoramento. Da esquerda para a direita: a ilustração, em fundo branco, mostra uma menina de cabelos pretos acenando para nós. Ela está de camisa laranja e calça azul. Ao seu lado, há o texto ‘’videomodelação de habilidade de vida diária em crianças com TEA: efeito do videomonitoramento’’. A fotografia mostra duas mulheres de cabelos pretos realizando o treino de monitoramento na frente de uma pia. Elas estão de perfil, viradas para a direita, e vestem camisas cinza. No lado direito, há a ilustração de um menino de cabelos pretos, camisa amarela e calça verde. Ele está comemorando.

Por Bruno Roberto Fotos Acervo da Pesquisa

As crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam dificuldade em realizar atividades cotidianas, como tomar banho e escovar os dentes. Isso impacta a qualidade de vida e a integração delas na sociedade. Dessa forma, são necessários métodos e ferramentas que auxiliem os indivíduos com TEA a desenvolverem habilidades para o dia a dia e treinamento para os profissionais que atuam com essas crianças.

Diante dessa necessidade, a terapeuta ocupacional Mariane Sarmento da Silva Guimarães analisou os efeitos da videomodelação (VM) na tese Videomodelação como ferramenta para treino de profissionais e ensino a crianças com Transtorno do Espectro Autista, apresentada no Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento (PPGTPC/NTPC), da Universidade Federal do Pará, com orientação do professor Romariz da Silva Barros.

A videomodelação consiste no aprendizado de habilidades por meio de um vídeo. Nele, uma pessoa (modelo) executa um comportamento para o aprendiz observar e tentar reproduzi-lo. Esse recurso é justificado para o ensino de crianças com TEA tendo em vista que, segundo a pesquisa, elas demonstram uma preferência por estímulos visuais em comparação aos auditivos. Vale ressaltar que, com recursos de edição de vídeo, é possível retirar os estímulos do ambiente, que podem distrair a criança, focando no essencial.

Contudo, de acordo com a pesquisa, estudos sobre a videomodelação divergem sobre a sua efetividade. Assim a autora investigou se o treino de videomonitoramento ajuda a melhorar o desempenho do ensino via VM. “Videomonitoramento é quando a criança observa um comportamento e consegue dizer se ele foi feito de forma correta ou incorreta, com base nas consequências que resultam desse comportamento”, explica Mariane Sarmento.

Experimento envolveu pacientes e terapeutas

A tese é dividida em dois experimentos. No primeiro, avalia-se o efeito do videomonitoramento no ensino via videomodelação. No segundo, testa-se a eficácia e a eficiência de um pacote de ensino (composto pela VM, entre outros métodos) para treinar profissionais a implementarem tentativas discretas (DTT, do termo em inglês Discrete Trial Teaching) no ensino de habilidades para crianças com TEA. A DTT é um método sistemático, planejado e controlado que se caracteriza por instruções simples, divididas por etapas, em uma série de tentativas.

No primeiro experimento, Mariane Sarmento conduziu testes com duas crianças com TEA. Durante o processo, aplicou o treino de videomonitoramento. Antes e depois desse momento, houve a verificação da aprendizagem observacional de habilidades da vida diária via VM. “Por fim, um teste de generalização verifica se a habilidade aprendida também serve para outras habilidades. Por exemplo, se nós ensinamos essas crianças a escovarem os dentes via VM, na generalização testamos a preparação de achocolatado”, completa a terapeuta ocupacional.

Os resultados mostram que o videomonitoramento parece contribuir para o aumento da eficiência da VM como ferramenta de ensino de habilidades diárias. As crianças com TEA precisaram de duas a três sessões para o treino das habilidades via VM. Na fase de generalização, houve a aprendizagem de outros repertórios. A pesquisadora faz um alerta: “Outras questões, como o diagnóstico e o perfil individual, podem influenciar na aprendizagem via VM. Por isso é importante o atendimento individualizado e a avaliação criteriosa da criança”.

De acordo com a tese, dados de um estudo-piloto feito no Brasil, em 2011, informam um caso de Transtorno do Espectro Autista para cada 370 habitantes, porém o número de profissionais treinados não atende a essa demanda. Pensando nisso, o segundo experimento teve a participação de quatro profissionais. A primeira fase contou com uma “sonda” inicial, na qual os participantes aplicaram a DTT sem nenhuma orientação. Depois disso, houve uma etapa com instruções escritas, sessão de vídeo e novas tentativas de aplicação da DTT. Em seguida, o grupo realizou uma “sonda” final com os mesmos procedimentos da inicial. Por último, os participantes observaram um profissional treinado aplicando o método de tentativas discretas em duas crianças com TEA para reproduzir o mesmo feito com elas.

Os dados evidenciam a eficácia do pacote de ensino utilizado. Houve uma melhora de 95% no desempenho dos profissionais, entre os testes feitos nos períodos pré e pós-videomodelação. Vale destacar que as crianças apresentaram manutenção ou melhora das habilidades a partir do ensino por DTT aplicado pelos participantes do segundo estudo.

Beira do Rio edição 162

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